13.3.12
Apraz-me ver o esforço confinado da nobre pessoa que se encontra à direita do trono que é a pedra onde me apoio. e ela desfaz-se, uma vez que se tratava de um conglomerado mal consolidado, e estou agora amaldiçoada por não ter captado bem a matéria. não importa. praticamente dezasseis anos a jogar à cabra cega. e depois de tantas danças estonteantes, sempre com o receio de que a música parasse e eu perdesse a cadeira, espeto-lhe o rabo nos olhos e bato palmas porque sou macabra. não quero saber de nada! deixem-me a falibilidade, enrolar-me-ei nela, envolver-me-ei no tecido falível para esconder a nudez do meu corpo e alma e contentar-me com o prazer que sou ainda capaz de conceder a mim mesma. livrem-se da mesquinhez que vos apoquenta o espírito... exaltem cânticos de louvor ao mundo. que tempo doentio, senhores! também eu me encontro doente, vítima de um desconhecido anticorpo criado por um incógnito diabrete que não gosta dos meus olhos. pois arrancá-los-ei, se assim tiver de ser! que diferença fará, se neste mundo já não vemos nada, tal é a poluição de partículas e corpúsculos e fragmentos de corpos penados que andam, flutuam, vacilam por aí, procurando o descanso que não obtiveram em vida. pois a vida não dá descanso e quem relaxa é fraco. oh, que duvido de tudo e de todas as coisas e chego também a duvidar das minhas dúvidas, de tão dúbias que são. e as palavras rompem pela minha boca, ouvidos, narinas, ânus e vulva. sentindo-me esburacada após considerar todos estes orifícios que tenho bem presentes no meu corpo, as palavras não sossegam e procuram poros epidérmicos, pressionando-os e escapando-se-me por todo o corpo. esvaio-me em palavras. esvaio-me em agonia perante uma existência mal concedida, estando eu presa a uma cabeça que não me pertence, sendo o dono alguém capaz de realizar uma obra muito mais nobre do que aquilo que eu algum dia conseguirei.
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