O que mantém o mundo vivo é a garra acérrima daqueles que respiram com paixão! É a valsa dos que se amam de forma desajeitada, um acasalar de pinguins no mais belo dos invernos nórdicos! Todos os que mudam a sua direcção para não voltarem ao ponto de partida, todos os que moldam o destino como barro por jurarem ser donos de si próprios e ainda aqueles que comem três bolas de gelado, uma de pêssego, outra de melão, outra de kiwi, sem sentirem qualquer réstia de culpa.
É o som de uma orquestra a tocar numa sala revestida de madeira seca, na qual o acesso se resume a um par de degraus duvidosos, cuidadosamente ordenados em forma de caracol e estreitos, tal como a vida. É a subida ao mais alto dos cumes, é o capturar do sorriso da gente que na vida simboliza nada mais, nada menos, do que amor! É o meu avô com os seus olhos gentis e a minha avó que, deixem-me que vos diga, faz o melhor arroz do mundo, reclamando com ele, domingos, não comas tantas batatas, domingos, come a sopa de depressa.
E a palavra efémera, que é tão bela, é também tão dura, e lágrimas brotam pela minha face seca, desidratada por falta de água, sabendo eu que não poderei sempre comer o arroz da minha avó, sabendo eu que jamais nos anos que viverei poderei saborear, sempre que quiser, grãos tão saborosos, cuidadosamente temperados e servidos, sabendo a infância e a nódoas negras que ainda hoje avisto nos meus joelhos.
As casas sendo casas, as árvores sendo árvores, os pardais sendo pardais e eu sendo aquilo que sou... procurando manter o mundo vivo, procurando ter pelo menos um pouco da garra acérrima daqueles que respiram com paixão.
Não matem tempo.
vivam... e mantenham o mundo vivo.
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