19.2.17

Sem Chão

Sou um beija-flor e pairo imóvel no céu
Com o meu bico pico e tento proteger o que é meu
Beijo a rosa que fez desnortear a minha direcção
E esqueço a diferença que traz uma geração

Tu, diz-me,
Este jogo, quem poderia arbitrar?
É que as faltas que vais cometer
A ninguém poderei confiar

Nunca fui boa em fintas
E ocasionalmente tropeço nos pés
Desajeitados como estas rimas
Segredos, desabafos talvez

Podia ser pássaro, mas Deus quis
Que fosse uma jovem mulher
E o desejo trocado pela felicidade foi
Com um comprimido qualquer

E a dor que me trazes
Ao menos faz-me rabiscar
Tantos versos e versos
Para tentar explicar

Porque é que chão não pudeste oferecer?
O colibri bateu as asas até perecer
De cansaço ou frustração
(Ou será por ter amado em vão?)

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