6.11.18

Manifesto

Não me anularei. Manter-me-ei fiel à minha agenda de bolso, física, em papel. Não pararei de escrevinhar as minhas listas (para ser feliz, coisas que quero comprar, coisas que gosto em mim, países que já visitei). Não me esquecerei de tomar o meu anti-depressivo apesar de momentaneamente me esquecer de que preciso dele. Não me rebaixarei por ter poucos amigos. Não me perturbarei por não gostar de sair à noite, beber álcool ou ficar acordada até tarde. Não me envergonharei por querer casar "nova" com a pessoa mais fantástica que já conheci. Não me esquecerei daquilo que preciso para me sentir equilibrada. Não me confundirei com aquilo que não é importante, mas parece importante. Não me cansarei de dizer que gosto das pessoas de quem gosto, todos os dias. Não pararei de abraçar os meus avós sempre que os vejo. Não me irritarei com pessoas que desprezam o meu regime alimentar. Não corarei pelo amor infinito que sinto pela minha cadelinha Beckie. Não me negarei aos serões, passeios, encontros, jantares, viagens apenas e só com o meu noivo Francisco. Não me censurarei por não ter vergonha do meu corpo nu. Não me reprovarei por chorar quando estou triste. Não me condenarei por ter ansiedade ao pensar nas minhas festas de aniversário. Não me frustrarei por precisar de dormir oito horas. Não me prejudicarei por gostar de passear a minha cadela de pijama e robe na minha rua. Não me atrapalharei por não sentir saudades do passado. Não me bloquearei por ter medo de morrer. Não me bloquearei por pensar muito no meu medo de morrer. Não me coibirei de gastar dinheiro investindo em bens materiais cujas marcas representam valores em que acredito. Não me condenarei por precisar de tomar um medicamento para ser eu mesma. Não me impedirei de me afastar de pessoas que não acrescentam valor à minha vida. Não me esquecerei de relativizar os percalços com que me deparo diariamente. Não me desviarei da minha sinceridade. Não terei pressa, mas não perderei tempo... em ser eu!