Rasgam a pele que delicadamente construí ao longo de um ano. A pele que eu julgava espessa, firme e vigorosa mostra-se afinal alaranjada, decadente e fina, como se o hidratante estivesse apenas a disfarçar varizes. Varizes que a minha idade, tão inocente ainda, não merece.
Não mereço esta dor que carrego sem saber bem porquê. Não mereço a indiferença, a altivez, a insensibilidade, a falta de jeito. Não mereço e no entanto esta sensação hedionda abate-se novamente sobre mim, uma dor no ventre que me impele a curvar-me de surpresa e admiração. O monstro acordou cedo e tem fome. Vergo-me, sua escrava.
O rio que secou corre novamente com vida, água brota da nascente e nele nadam os peixes da amargura. O puzzle pronto que eu havia emoldurado desfaz-se num regresso à condição original que tanto me custa.
Chove.
No vidro não me reconheço. Na pele não me tenho.
No mundo não me encontro. Em mim desabo.
Encontrar o teu blogue foi como descobrir um bombom numa caixinha que se julgava vazia: uma boa surpresa.
ReplyDeleteGostei muito.
Felicidades.
Muito obrigada pelo teu comentário :)
DeleteÉ sempre bom ver que alguém lê o que escrevo, e aprecia!
Estive a ver o teu blog e também gostei muito, vou passar a visitá-lo mais vezes...
Beijinhos
Inês, estás na minha barra de marcadores ^^
ReplyDeleteoh, muito obrigada, Lilian!! :):)
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