quando a menina nasceu, todos soltaram um brado de fúria, revolta e frustração. a menina era rosadinha e cheia, clamando com todas as suas forças a angústia nela presente por vir ao mundo, mas o problema essencial mantinha-se, não havendo solução para um coração que se afigurava inóspito. o avelhentado médico abanou a cabeça e a menina a abanou também. toda a gente deseja ser encontrada, excepto a menina que nasceu sem as entranhas. de aí então, vive sulcando corações, sugando o que há para sugar, arrastando-se por becos, carregando uma alma que de tão desfolhada, carecente e escalvada que era nunca chegou sequer a soltar o cício de quem chegou a falecer. coitada.
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