7.7.14

Cor-de-rosa

que com a tua idade de prata aprendas que, nesta vida e neste mundo, há erros irremediáveis. 
que não há mentiras grandes nem pequenas, há mentiras por si só e há palavras que custam a pele de quem as disse. 
a paixão, amor, respeito, adoração e todos os demais sentimentos que têm o poder incoerente e perigoso de dar vida e matar, não se compram nem deveriam ser atirados em vão, deixados entre livros e cadernos, entregues a alguém que, ao contrário de mim, não entende o verdadeiro significado da poda e da rega.

estes dezoito anos já me levaram a muitos sítios, ao outro lado do mundo e a lugares mais recônditos e escondidos, lugares que hoje não existem. 
tentei com todas as minhas forças regressar a alguns desses locais, mas o GPS levava-me a lugares impossíveis, mandava-me cruzar estradas que já não estão lá e sim, admito que me questionei acerca de todo o método da triangulação... questionei-me acerca da veracidade de todos os astros, de todos os anjos e luas que me têm guiado por este caminho sinuoso; mas o anjo que em ti desapareceu surgiu noutras pessoas, noutros momentos e oportunidades e hoje sou triste, mas sou triste com um rumo, e não sou mais triste do que aquilo que tenho sempre sido, e vejo nas páginas de hoje o agridoce sabor do desconhecido, de saber que, ao contrário de ti, a minha pele não tem ainda rugas, os meus cofres estão ainda fechados e os meus olhos continuam inquietos e inconformados.

eu, com todas as minhas teimas e enfados, com todos os meus medos e receios, sou hoje tão forte que o teu brilho é baço e já não destoa no meio de uma multidão que não conheço. 

esta vida dói, esta vida custa...
mas é um mundo que me encanta e que anseia por mim, pelos meus passos, pela minha vontade nunca cessante de amar, de fazer nascer e florescer.

não sou mais uma aranha: não teço mais teias nem persigo mais presas.
sou um jardineiro que planta girassóis. e tu deixaste morrer os que um dia plantei em ti, mas hoje vejo mais alto e percebo que dessas flores podres brotarão muitas outras, e eu estarei nelas como estou em tudo o que toco e amo.

sou o mundo e estou nele. tu também estás nele, só que já não és mais ele.


Nota: A imagem apresentada não é da minha autoria, é meramente ilustrativa.

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