As palavras são as lágrimas dos poetas.
Escrevemos para que elas nos livrem da dor que, como uma traça, rói o nosso corpo, deixando-nos inúteis e ainda mais voláteis.
Com as palavras construimos o nosso mar salgado que, como qualquer mar em condições, tem ondas.
O meu coração levou-o uma dessas ondas. E todos os dias espero na praia por ele, talvez comprimido dentro de alguma garrafa de vidro.
Estou na praia e e o vento traz algumas garrafas, para me enganar, Abro-as e têm de facto corações, mas nenhum deles é o meu. Nenhum deles treme quando nele toco. Nenhum deles se prende nas minhas mãos, procurando ficar.
É confuso viver sem coração e ver tantos a chegar que, apesar de serem corações, não querem assim tanto ser o meu. Preferem estar numa garrafa de vidro.
Grande momento de expressão...também artística! Obrigado 'to wander' por mais um momento de comunicação 2S : Sentido e Singular!
ReplyDeleteComo dona de garrafas que vêm dar à costa sem que lhes seja pedido, digo-te: nunca abras uma garrafa sem a queres verdadeiramente. Como um bom vinho, os corações também perdem a força quando são expostos assim, tirados duma garrafa por alguém que só o pretende provar.
ReplyDeleteAdorei este texto, sem dúvida.
Muito obrigada por este comentário, tem mesmo muita relevância para mim! :)
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