Erasmus na Suécia - Dia 3 (o dia em que todos os sítios foram bons para chorar)

Infelizmente ou felizmente os dias vão passando, e finalmente escrevo-vos a partir daquele que será o meu lar para os próximos meses.

Às 9h30 entrei no autocarro em Estocolmo que me levaria até Borås. Foram 5h40 que passei com a ajuda do Wi-Fi e da curiosidade em ver a paisagem, que se tornou muito bonita aquando da passagem por Jönköping, uma cidade à beira de um lago enorme.

Chegada a Borås lá carreguei as minhas malas até ao Scandic Plaza, o hotel onde fiquei de ir buscar as chaves do meu apartamento. 
Quando entrei no apartamento fiquei feliz. Feliz por ter um espaço só meu e não ter de o dividir com ninguém. Apesar de pequeno, é bastante acolhedor e tinha já algum mobiliário, o que me poupou muitas chatices a ter de comprar. 

Após ter instalado o router para poder ter acesso à Internet aqui no meu T0 decidi ir às compras, pois vi no google maps que tinha um supermercado a 5 min a pé. E que supermercado! É enorme, nesse aspeto não me vai faltar nada. Fiquei de boca a berta com a quantidade de produtos e expositores diferentes que tinham. E saltei toda a parte da carne e do peixe, por isso nem imagino a sensação de "overwhelming" que um omnívoro sentiria!

No supermercado chorei novamente. Aliás, enquanto escrevo isto, mal o meu cérebro pensa na palavra "chorar", começo a chorar de novo. Não tenho palavras para esta sensibilidade que tem aberto torneiras em mim desde que cá cheguei.
Comprei bastantes coisas aqui para casa, podem ver fotografias em baixo. Ainda tenho de comprar mais, mas sozinha não teria conseguido carregar ainda mais coisas.
Há imensas marcas e produtos que desconheço por completo, como é óbvio, mas já sinto saudades das marcas portuguesas a que me habituei. Sou saudosista. E "compro o que é nosso".

Após ter regressado a casa falei com a família e amigos e chorei baba e ranho novamente. Sinto-me tão sozinha aqui... não sei se serei mais fraca que o resto - o fim ao cabo 'toda' a gente faz ERASMUS - mas a verdade é que me sinto profundamente só e com mesmo muitas saudades, principalmente do Francisco e dos meus pais. 

Eu sei que estou numa situação privilegiada, a ter a oportunidade de estudar num sítio à partida bastante seguro e desenvolvido e a fazê-lo em boas condições, que os meus pais se esforçam para me proporcionar; mas não conhecer ninguém, estar irremediavelmente só, custa tanto. Ainda por cima porque toda a gente diz que vou fazer amigos, mas eu não estou tão certa disso. Não tenho assim muita facilidade em criar empatia com as pessoas e nestas coisas de âmbito social sou um bocado complicadinha... por um lado não quero estar sozinha, mas por outro lado só o pensamento de estar numa situação em que tenho de conhecer novas pessoas deixa-me ansiosa e pressionada. Sinto que não teria nada de interessante para dizer, e também não gosto de estar na típica situação social em que pessoas da minha idade se conhecem (num bar/festa e com álcool à mistura).

Considero-me uma pessoa independente. Tenho muito medo de morrer e por isso tento aproveitar o milagre de poder viver e ser saudável para fazer tudo o que este mundo maravilhoso me permitir, e por isso sei que esta é uma experiência que nunca irei esquecer, num país que escolhi e que me fascina por ser tão diferente do meu. Já viajei muito e já o fiz sozinha imensas vezes, mas desta vez está a custar particularmente.

Não me esqueçam. Ouviram? Tenho medo de ser esquecida. Tenho medo que ocupem o meu lugar. Tenho muitas saudades... Vou continuar a entreter-me por aqui... Amanhã o dia vai ser passado a tratar de burocracias (levantar as chaves que faltam - a do correio - e assinar papelada e possivelmente abrir uma conta no banco sueco), pois dia 19 partirei para mais uma viagem sozinha. Vou passar 5 dias na Noruega. (Eu sei, meto-me nestas coisas e depois queixo-me...)

Beijinhos com muitas saudades!