Erasmus na Suécia - Dia 19 (Cultura Finlandesa + Reflexão)

Hoje acordei antes do despertador. Não é maravilhoso quando isso acontece? Adoro acordar com a luz de um novo dia. Espreguicei-me confortavelmente e fiquei a apreciar o silêncio, isto às 9h45.

Durante a manhã comi umas bolachas de gengibre e estive a ler um bocado do meu livro de Consumer Behavior, até que fui tomar banho e depois fazer o almoço. Decidi fazer esparguete à bolonhesa. Ficou mesmo bom! Fiz um estrugido com cebola frita e depois juntei a soja já hidratada mais pedacinhos de tomate fresco cortados e polpa de tomate. Depois temperei com alho em pó, orégãos e molho de soja. Sobrou, por isso já tenho marmita no frigorífico para outra refeição :)

Às 13h fui ter com a Emmi e outros estudantes ao Lazy Student, de onde seguimos todos juntos para o Ramnaparken, para mais uma tarde de actividades. No entanto, não estava assim muita gente e a Emmi queria ir ao centro, pelo que eu fui com ela cerca de meia hora depois de termos chegado ao parque. Fomos comprar gomas a uma loja enorme!

Aqui na Suécia há a tradição de Lördagsgodis aos sábados (a tradução é "doces de sábado"). Essencialmente as famílias vão juntas a lojas cheias, mas cheias de gomas e outros doces, refrigerantes, pipocas, batatas fritas, etc, escolher os doces para comerem no sábado. A loja tinha também uma secção de videoclube, para as famílias escolherem os filmes para ver em conjunto em casa. Há uma valorização grande deste tempo de qualidade passado em família!

Com as nossas gomas (comprei também um pacote de batatas fritas de paprika para comer em casa - nem sou muito destas coisas, mas pronto!) decidimos ir para o Stadsparken (parque da cidade) e sentámo-nos num banco a aproveitar o sol, que nos tornou a brindar com um ar da sua graça hoje. Estivemos três a horas a conversar sobre imensas coisas. Foi mesmo interessante aprender sobre a cultura finlandesa e o quão diferentes eles são de nós, portugueses. Em certa medida acho que me identifico bastante com esta forma de ser. Ora vejamos:

- A maioria dos finlandeses torna-se independente dos pais aquando da entrada na universidade. Para além da educação ser completamente gratuita (não pagam qualquer tipo de propinas), o estado dá 500€ a cada aluno, independentemente do background social. Para além desta quantia os alunos podem pedir um empréstimo bancário de mais 400€ mensais, sem juros, que começam a pagar dois anos após completarem os estudos. É completamente normal pedir o empréstimo mesmo sendo os pais capazes de suportar todas as despesas do(s) filho(s).

- É habitual os finlandeses verem-se uns aos outros nus quando vão à sauna ou nadam nos lagos. É visto como algo normal, não havendo qualquer conotação do foro sexual.

- As crianças vão a pé ou de bicicleta para a escola, sozinhas (!) desde os 6 anos de idade. E regressam também sozinhas, tendo as suas próprias chaves de casa, seja a que distância for a escola. Não há cá actividades extracurriculares a manterem os filhos ocupados na escola até às 18h, quando os pais terminam o trabalho e podem ir buscar. Na verdade, na educação primária as crianças têm aulas apenas entre as 8h e as 11h, e nos anos posteriores a carga horária aumenta, mas nunca é superior ao horário das 8h-15h. 

Às 18h e tal regressei a casa. Estive a lavar loiça que estava em standby na pia e agora ando aqui a navegar no computador. Sinto-me adaptada e feliz aqui. Sinto-me segura e confortável. Também sinto saudades, mas não tenho aquela sensação destrutiva e irracional que senti nos primeiros dias. O que é bom! E a verdade é que daqui a uns dias vou estar com o Francisco em Copenhaga a desfrutar de um belo fim-de-semana :)

PS: Tal como já tinha dito, aqui em Borås há imensos refugiados e imigrantes. É verdade que é horrível tomar posições racistas, mas vendo-me confrontada diariamente com esta realidade, devo dizer-vos que é difícil não o ser e não fazer generalizações. Borås é uma cidade bastante limpa, mas já perdi a conta às vezes em que vi refugiados/imigrantes a atirarem lixo para o chão, assim de forma displicente e que me deixa absolutamente chocada. Para além do mais, o bairro em que eles estão praticamente todos instalados é também o bairro onde há maior criminalidade, tendo sido inclusive apontado como um dos bairros a serem vigiados na Suécia... dá que pensar, não dá?

Beijinhos,

Inês