Erasmus na Suécia - Dia 34 (Kypegården)

Hábitos que já adotei:

- Tirar os sapatos mal entro em casa (para quê trazer ainda mais germes da rua para o conforto do lar se podem ficar à porta?);

- Mal escurece, ligar as minhas velinhas. Hygge - ou seja, apreciar os pequenos prazeres da vida! Tenho três velas com aromas de fruta tropical e baunilha e asseguro-vos de que fazem a diferença para o meu conforto. Mal entro em casa sinto logo um aroma agradável e familiar e ter as velas acesas traz-me paz de espírito. Comprei as minhas na Lagerhaus, uma cadeia de lojas sueca de artigos para a casa com coisas bem giras. Ainda para mais, agora que tenho o meu isqueiro de cabo, já posso acender velas sem ter medo!

- Fika, fika, fika. Qualquer hora é uma boa hora para um café e um bolinho.

Hoje acordei às 8h, pois combinei ir ter com a Emmi à paragem de autocarro para irmos juntas até Kypegården, uma área perto do zoo de Borås com floresta e onde há vários trilhos de caminhada. O dia não estava tão bom quanto ontem, mas ainda assim não choveu, o que é sempre bom.

Decidimos fazer o trilho mais longo, com 8700m, e passámos uma boa manhã a caminhar entre estrada, pedras, terra, etc. Vi tantos cogumelos e a Emmi lá me ia explicando acerca dos que são bons ou não para comer. Na Finlândia eles aprendem a distinguir entre a comida comestível e não comestível que se pode encontrar nos bosques, distinguir pegadas de animais selvagens e o que fazer se, por exemplo, aparecer um urso vindo do meio do nada (que pode sempre acontecer).

Gostei tanto de ver casais, jovens e não tão jovens, juntos com os seus cães a passar uma boa manhã de domingo a colher cogumelos. A verdadeira ideia de harmonia familiar para mim! E a floresta era linda, cheia de musgo verde e um ar húmido e puro.

Cheguei a casa às 12h, coloquei comida na minha marmita (ainda arroz integral, soja e feijão) e fui à student pantry da faculdade para aquecer e comer com calma. Trouxe também o livro que tinha reservado na biblioteca, sobre fashion forecasting! É um livro enorme e muito apelativo sobre como funciona o mundo da moda, as tendências, etc. A vantagem de estudar numa universidade que também é uma escola de moda é esta :) Há livros super interessantes e que me despertam imenso a curiosidade.

De tarde decidi fazer uma sesta, que claro que acabou por não ser uma sesta de apenas 30min, mas de 3h!!! É verdade, estive praticamente 3h a dormir! E acham que agora vou ter problemas em adormecer? Nada disso, continuo cheia de sono, sou mesmo assim... 

Enquanto isso, o Francisco esteve a continuar o plano da nossa viagem à lapónia sueca em outubro. Chegámos à conclusão de que era muito melhor alugar um carro e não ter de depender da rede de transportes, que não é muito forte por lá, e assim fizemos. Deu muito jeito ter um namorado "cota" neste caso... é que só se pode alugar o carro com um mínimo de 26 anos, eheh. É mais barato do que pensava e assim podemos andar ao nosso próprio ritmo! Vai ser tão fixeeee (se o tempo ajudar, é claro).

Agora é a minha vez de continuar o plano da viagem e contactar os alojamentos onde estamos a pensar ficar :)

Estive também a varrer a casa e a limpar as sapatilhas de trail, que ficaram cheias de terra.

Cá estou, de pijaminha, velinhas acesas e chá de morango da lipton na caneca. Feliz.

Acho que fiz uma boa decisão quanto ao sítio para viver o Erasmus. Acho que aqui consigo ter a verdadeira experiência sueca (apesar de tudo Estocolmo e Gotemburgo são cidades fora do normal para os standards daqui): é uma cidade pequena, mas com tudo o que preciso (bons supermercados, lojas de todo o tipo, a universidade mesmo à beira, cafés e restaurantes giros, parques, jardins, florestas), e estou a 1h de autocarro de Gotemburgo para quando precisar por algum motivo de ir a uma cidade maior (e não deixo de estar a 4h e pouco de autocarro de Estocolmo, onde irei no próximo mês com uma das minhas melhores amigas, que me vem cá visitar, ver um concerto!!!) e tenho o aeroporto de Gotemburgo a meia hora de distância. No fundo, escolhi um sítio onde posso ter um estilo de vida calmo e que em Portugal (ou pelo menos no Porto) julgamos não existir por estarmos sempre todos numa correria constante ou permanentemente deprimidos com o estado das coisas e a negligência daqueles que nos governam. Gostava mesmo muito que o país aprendesse com as boas práticas deste, mas acho que culturalmente é impossível! São identidades culturais quase opostas. No entanto, eu espero conseguir reunir o melhor dos dois mundos para a minha vida daqui em diante.

Beijinhos,

Inês